A Igreja não pode ser confundida com a multidão. Dentro da Igreja cada um tem que ser ele mesmo.
Cristão é alguém que vive numa comunidade. A Palavra de Deus nos mostra com muita clareza que a comunidade não tem nada a ver com a multidão. Por causa da multidão que Zaqueu não conseguia ver Jesus (Lc 19). O que assusta é o fato que a multidão era formada pelos próprios discípulos de Jesus. Zaqueu não conseguia ver Jesus porque os discípulos pararam prestar atenção para nas pessoas que estavam por ali, por isso Zaqueu pulava e pulava, mas ninguém o ajudou. Ninguém ali estava interessado em Zaqueu. A multidão não nota as pessoas.
Também estava no meio da multidão a mulher que padecia de um fluxo de sangue durante anos e anos (Mc 5, 25-33). Estando nesta situação o que ela poderia fazer era pelo menos tentar tocar Jesus. O que me impressiona nessa passagem é que daquela multidão somente ela foi curada. Aconteceu o inesperado porque havia algo que a distinguia da multidão. A mulher veio para encontrar-se com Jesus e o encontro com Ele é um encontro pessoal.
O cristão é chamado a viver em comunidade, mas isso não significa que ele deve se esquecer que como pessoa é único. A Igreja não pode ser confundida com a multidão. Dentro da Igreja cada um tem que ser ele mesmo. Jesus não se encontra com a multidão, mas, com cada um de nós pessoalmente. Ele tem encontro com Zaqueu (Lc 4,38), Jairo (Lc 8, 51-55), Simão, Marta, Maria e tantos outros. O detalhe é que Jesus os encontra em suas casas e não no meio da multidão.
É certo que fazemos parte de uma comunidade de fé, mas isso não significa que devemos sumir no meio da multidão. Viver em comunidade não é fácil e nos apresenta muitos desafios. Fácil, porém é transformar uma comunidade em multidão onde a pessoa para de pensar como indivíduo e é apenas arrastada pelo coletivo. O encontro com Jesus, mesmo no meio da multidão, tem que ser pessoal. Não se deixe ser arrastado pela multidão, mas, arraste o outro para Jesus.